Estudando a África
Nos dias atuais, com os
avanços nos parâmetros curriculares da educação brasileira, através da Lei11.645/08 que determina a inclusão das temáticas “História e Cultura
Afro-Brasileira e Indígena”, assistimos a indicação da necessidade da inclusão
de estudos sobre o continente africano desde a formação básica.
Não há dúvidas quanto à relevância desse passo para a
formação brasileira. Não é mais possível entender a África como um bloco, como
o continente negro, como um território de mazelas. A África é um mosaico que
reúne diversidades culturais, religiosas, étnicas e geográficas.
É necessário desalienar esta visão do senso comum de que
a África é um continente primitivo, atrasado. O etnocentrismo que influenciou
estas visões do mundo é o responsável pela construção da imagem pejorativa do continente
africano. A ignorância a cerca da diversidade africana reforça a noção
equivocada que foi divulgada por séculos.

A desconstrução da imagem de um “maciço África” é
urgente. Esta urgência pode ser retratada por todos os esforços já
desempenhados pela produção histórica até os dias de hoje. O século XX foi
marcado pelo desenvolvimento da História da África que no Brasil ganha espaços
cada vez mais amplos nas escolas e universidades.
Nesta perspectiva, as publicações também se expandiram em
prol da transformação da visão deturpada do continente africano.

Os carnavais dos grêmios recreativos de escolas de samba
muito podem contribuir para a transformação da visão simplista e reducionista
da África. No Rio de Janeiro, diversos enredos de escolas de samba já
mencionaram a África e fizeram de sua diversidade a inspiração que muitas vezes
foram brindadas com o título de grande campeã do carnaval carioca. Nesta
perspectiva, o carnaval tem plena condição de servir de veículo cultural para a
construção do conhecimento, pois é multifacetário, com uma apresentação de
impacto através da música pela qual o samba enredo permite o conhecimento
temático, com os carros alegóricos que compõem a figuração histórica, assim
como pelo desfile que promove um espetáculo de aproximadamente uma hora e vinte
minutos de duração que permite a exploração de diversos elementos dentro da
temática exposta.
Algunns exemplos podem sinalizar a contribuição do
carnaval dentro do pressuposto de inserção da História Afro-Brasileira no
curriculo oficial da educação. A escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis já
trabalhou enredos como os abaixo citados que serviriam de apoio à educação:
·
Ano
de 1978 – “A criação do mundo na tradição Nagô” enredo no qual o carnavalesco
Joãozinho 30 explora outras formas de explicar a criação do mundo que não se
fundamente na mitologia grega ou na teoria da grande explosão do Big Bang, levando
para o continente africano a responsabilidade de ser a origem do mundo com a
criação dos macroelementos como água, ar, terra e fogo.
·
Ano
de 1988 – “Sou negro, do Egito à Leberdade”.
·
Ano
de 2001 – “A saga de Agotime, Maria Mineira Naê” enredo no qual a comissão de
carnaval explora a violência do sequestro de negros pelos colonizadores com o
fim de traficar escravos para as colônias do novo mundo.
·
Ano
de 2007 – “Áfricas: do berço real à Corte Brasiliana”. Neste enredo, a escola
apresenta a diáspora africana no Brasil e a pluralização de seu nome se remete
à diversidade própria do continente africano.
Outros exemplos similares foram os carnavais do ano de
1994 da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio com o enredo “Os santos que a
África não viu”, o carnaval de 2006 da escola Unidos do Porto da Pedra com o
enredo desenvolvido por Milton Cunha de título “Preto e Branco a Cores” no qual
o carnavalesco apresenta o triunfo de Nelson Mandela e toda sua batalha pelo
fim do Apartheid na África do Sul, e por fim, o enredo desenvolvido pela escola
Acadêmicos do Salgueiro em 2007, “Candaces” tratando de mulheres guerreiras
africanas.
Texto fruto do trabalho da disciplina História da África.
Vivian Kosta
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