quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Estudando a África






         Nos dias atuais, com os avanços nos parâmetros curriculares da educação brasileira, através da Lei11.645/08 que determina a inclusão das temáticas “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, assistimos a indicação da necessidade da inclusão de estudos sobre o continente africano desde a formação básica.

            Não há dúvidas quanto à relevância desse passo para a formação brasileira. Não é mais possível entender a África como um bloco, como o continente negro, como um território de mazelas. A África é um mosaico que reúne diversidades culturais, religiosas, étnicas e geográficas.

            É necessário desalienar esta visão do senso comum de que a África é um continente primitivo, atrasado. O etnocentrismo que influenciou estas visões do mundo é o responsável pela construção da imagem pejorativa do continente africano. A ignorância a cerca da diversidade africana reforça a noção equivocada que foi divulgada por séculos.

            A África reúne dentro de várias diversidades, diferentes processos históricos, sociais e políticos que precisam se tornar conhecidos. Com a chegada ou “invasão” européia, as experiências coloniais também foram marcadas pela diversidade.

            A desconstrução da imagem de um “maciço África” é urgente. Esta urgência pode ser retratada por todos os esforços já desempenhados pela produção histórica até os dias de hoje. O século XX foi marcado pelo desenvolvimento da História da África que no Brasil ganha espaços cada vez mais amplos nas escolas e universidades.

            Nesta perspectiva, as publicações também se expandiram em prol da transformação da visão deturpada do continente africano.

            Existem várias formas para desenvolver o estudo da África. Para um público infantil já estão no mercado gibis, historinhas em quadrinhos com personagens africanos, como aquela divulgada na exposição do ano de 2009, no Museu Afro Brasil em São Paulo, com trabalho de roteiristas e desenhistas de 16 países africanos.

            Os carnavais dos grêmios recreativos de escolas de samba muito podem contribuir para a transformação da visão simplista e reducionista da África. No Rio de Janeiro, diversos enredos de escolas de samba já mencionaram a África e fizeram de sua diversidade a inspiração que muitas vezes foram brindadas com o título de grande campeã do carnaval carioca. Nesta perspectiva, o carnaval tem plena condição de servir de veículo cultural para a construção do conhecimento, pois é multifacetário, com uma apresentação de impacto através da música pela qual o samba enredo permite o conhecimento temático, com os carros alegóricos que compõem a figuração histórica, assim como pelo desfile que promove um espetáculo de aproximadamente uma hora e vinte minutos de duração que permite a exploração de diversos elementos dentro da temática exposta.

            Algunns exemplos podem sinalizar a contribuição do carnaval dentro do pressuposto de inserção da História Afro-Brasileira no curriculo oficial da educação. A escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis já trabalhou enredos como os abaixo citados que serviriam de apoio à educação:

·        Ano de 1978 – “A criação do mundo na tradição Nagô” enredo no qual o carnavalesco Joãozinho 30 explora outras formas de explicar a criação do mundo que não se fundamente na mitologia grega ou na teoria da grande explosão do Big Bang, levando para o continente africano a responsabilidade de ser a origem do mundo com a criação dos macroelementos como água, ar, terra e fogo.

·        Ano de 1988 – “Sou negro, do Egito à Leberdade”.

·        Ano de 2001 – “A saga de Agotime, Maria Mineira Naê” enredo no qual a comissão de carnaval explora a violência do sequestro de negros pelos colonizadores com o fim de traficar escravos para as colônias do novo mundo.

·        Ano de 2007 – “Áfricas: do berço real à Corte Brasiliana”. Neste enredo, a escola apresenta a diáspora africana no Brasil e a pluralização de seu nome se remete à diversidade própria do continente africano.

            Outros exemplos similares foram os carnavais do ano de 1994 da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio com o enredo “Os santos que a África não viu”, o carnaval de 2006 da escola Unidos do Porto da Pedra com o enredo desenvolvido por Milton Cunha de título “Preto e Branco a Cores” no qual o carnavalesco apresenta o triunfo de Nelson Mandela e toda sua batalha pelo fim do Apartheid na África do Sul, e por fim, o enredo desenvolvido pela escola Acadêmicos do Salgueiro em 2007, “Candaces” tratando de mulheres guerreiras africanas.


Texto fruto do trabalho da disciplina História da África.
Vivian Kosta
 

 

 

 

  

           

 

 

 

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