quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PREJUÍZO CULTURAL



Hoje em dia o Brasil vive o momento de um dos maiores prejuízos culturais que já puderam ser vistos em sua história. Sim. Alguns tiveram início em incidentes como incêndios ferozes que destruíram acervos completos e não deixou nenhuma esperança de restauração, outros recebem colaboração direta da população. Bem, é melhor que eu me explique.

Existem pessoas que querem entretenimento, diversão, lazer e, até mesmo, cultura. Quanto a isso, tudo bem, afinal tudo isso é um direito do cidadão. O problema começa quando os grandes empresários responsáveis pela reprodução de materiais precisam sobreviver em um país cuja cultura é colocada com luxo e para poucos e com uma rede tributária regressiva e ofensiva. O que podemos esperar de tal combinação com um citoplasma capitalista?

Daí surgem os preços impraticáveis, daí surge à seleção natural do direito de acesso a cultura. Sim senhores e senhoras, o difícil nessa história é encontrar inocentes. O espaço onde todos acreditam que ganhar e perder só tem sentido quando estamos falando em dinheiro.

É isso que está deteriorando a cultura no nosso país. Diante da dificuldade financeira imposta a maioria de consumidores de renda baixa e intermediária o jeitinho brasileiro se consolidou mais uma vez em realidade e é nessa grande teia que a pirataria no Brasil se emoldurou.

Do que adianta dizer que o povo é cretino e sem caráter por comprar produtos culturais pirateados se por outro lado não existe a boa vontade mercadológica em preparar preços adequados para esses consumidores?

Não seria mais adequado negociar isenções tributárias com o governo para que o acesso a cultura de qualidade fosse horizontalizado na sociedade?

O que tem que ser compreendido é que enquanto não se encontra solução para que produtos originais sejam mais consumidos, o mercado paralelo avança, o tumor aumenta, a fúria é incontrolável. Todos que querem buscam o produto que podem pagar, não há discussão sobre a qualidade e nem sobre a mazela que esta prática tem causado em nossa cultura.

Todos nós deveríamos ter acesso a números como a estatística que revela o quanto de postos de emprego se perderam por conta da redução da atividade cultural. Os empresários culpam os impostos e dizem que produzir no Brasil é caro, por outro lado, sabemos que o Brasil tem um mercado consumidor monstruoso para ser explorado desde que se façam os preços mais populares possíveis.

Vamos refletir, pois um dia quando dermos conta do nosso prejuízo cultural, talvez não sejamos capazes de cobri-lo. Enquanto isso, se você tem o hábito de comprar ou já comprou pelo menos um DVD ou CD pirata, se pergunte qual foi a sua principal razão, se foi preço, qualidade, facilidade, o que foi que favoreceu sua escolha?

Agora pense, qual seria o preço capaz de te convencer a comprar o original, o preço que você aceitaria pagar pelo original. Depois reflita mais um pouco e verá que não está tão distante assim. O que falta no nosso país é uma consciência social de coletivo, é entender que uma decisão minha pode prejudicar uma outra pessoa e assim por diante.

Tenho certeza que todos nós, a brava gente brasileira, preferiríamos pagar pelo produto original que gera empregos e aquece a economia do que pagar pelo produto marginal desqualificado. Infelizmente, nos dias de hoje, somos roubados duas vezes, ou seja, das duas maneiras, se compro pirata fomento o crime organizado, se compro original pago um preço exorbitante que mais parece um assalto e, se fico sem comprar sou alijado do acesso a cultura que é um direito meu.

1 comentários:

Van Kosta - Butterfly Back disse...

E é impressionante como encontramos pessoas que acreditam que o caminho é esse mesmo - tem de cobrar, quem pode, pode, quem não, fica de fora! E como estimular o interesse, o envolvimento? por isso que tanto ouvimos, entre amigos mesmo, que não curtem teatro, exposição. Por que será? Por que não tem perto do cara, porque não é somente o dinheiro do ingresso, mas a passagem, a água e a pipoca. E que graça tem fazer um passeio cultural sozinho? Falo com propriedade, pois passo por isso. Adoro uma água de coco na orla mas, se for de ônibus, vou gastar um dinheiro vezes dois e, se for de trem e metrô, tenho que voltar antes das 17 horas, senão, fico na mão! Como assim?! Então, a simples água de coco tem de entrar no orçamento do mês e ser programado com uns dois meses de antecedência! É muita humilhação pro trabalhador que cumpre seu papel mas, na hora de arejar, só lhe resta ficar de cara com a tv, aturando Faustão! Sorte a minha,que sou fã da TV Brasil.

30 de outubro de 2010 às 12:44

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