quarta-feira, 28 de abril de 2010

CONFUSÃO NO CALENDÁRIO






Parada em uma fila daquelas, comecei a olhar em volta para notar se alguém estava sofrendo da mesma monotonia que eu. Rapidamente identifiquei  as vítimas e pensei "é com eles mesmos que vou conversar e tentar puxar um conteúdo para meu post do dia".



Era um casal de idosos de aparência meiga, porém firmes e com aquela atitude de quem vai resolver um problema. Papo vai papo vem, entrei no assunto que queria: vocês já se vacinaram, perguntei com intimidade, como se fosse da família. Pronto. Bastou. Era esse assunto que eles queriam discutir.



Começaram, entusiasmadamente, dizendo que ninguém sabia mais de nada em relação à gripe do porco. Segundo eles, estão desde o início da campanha de vacinação tentando se imunizar. Quando foi anunciado o calendário para os doentes crônicos, compareceram ao posto e disseram que estavam doentes e por isso queriam tomar a vacina. A atendente olhou-os no fundo dos olhos e disse "doentes não podem, tem que esperam ficar bom!". Quando o calendário foi aberto para a primeira dose das crianças, eles foram ao posto e perguntaram "Não sobrou umazinha aí pra gente?". A mesma atendente respondeu com uma pitada de deboche "O senhor já passou de 2 anos a muito tempo!". Aborrecidos, deixaram o posto e, imediatamente, traçaram a nova estratégia para ganhar a tão valiosa espetadinha. Dessa vez a senhorinha disse que entraria na frente do esposo e com a mais doce das vozes perguntaria se já poderia tomar a vacina. Agora o calendário estava aberto para gestantes e jovens até 29 anos de idade.



O dia amanheceu e os dois já estavam a caminho do posto de saúde. Ao chegar ficaram vigiando para que a atendente de costume se retirasse para tomar café e então pudessem colocar o plano em prática. A atendente se ausentou e eles atacaram "Vim tomar minha vacina da gripe braba!", a atendente em exercício no momento olhou pra eles e respondeu "Essa não tem aqui não, minha senhora", "Mas eu quero a do porco!", a mulher já sem paciência olhou para eles e disse, "peraí que eu vou chamar a mulher dessa sala, porque eu trabalho nos prontuários, to aqui só batendo um papinho".







O casal se pôs a esperar, tranqüilos, até que a atendente de costume entrou e sem ao menos olhar para eles disse "ó volta semana que vem porquê não tem seringa nem algodão pra dá a vacina, mas se o sinhô quisé pode trazer de casa". Eles deixaram o posto decepcionados.



Bom nessa segunda-feira ao começar o calendário da vacinação H1N1 para os idosos eles chegaram ao posto com aquele semblante "o que é meu ninguém tira", e ao aparecerem na porta da sala a atendente de costume foi logo dizendo, "Oh, vacina do PORCO VELHO só a partir do dia 8 de maio e se tudo correr bem, tah!".







E foi assim que eles foram parar na fila do supermercado, conversando e com idéia de levantar um manifesto pedindo maior organização por parte do Ministério da Saúde, porque sabem que se se contaminarem com tal vírus terão de aturar outras atendentes bem educadas como a "de costume".




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